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Musicoterapia na Prevenção ao Uso de Substâncias

A musicoterapia tem ganhado destaque como uma abordagem inovadora e eficaz para diversas áreas da saúde mental. Um dos campos mais promissores dessa prática é a prevenção ao uso de substâncias, especialmente entre adolescentes e jovens em situação de risco. Utilizando a música como ferramenta terapêutica, é possível criar um ambiente de escuta, expressão e conexão que atua diretamente na construção de estratégias de enfrentamento saudáveis.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o consumo precoce de substâncias está frequentemente relacionado a questões emocionais mal resolvidas, ausência de vínculos afetivos e falta de estratégias saudáveis de enfrentamento. É nesse cenário que a musicoterapia se insere como uma alternativa potente de intervenção preventiva.

Como a musicoterapia atua na prevenção ao uso de substâncias:

A musicoterapia na prevenção ao uso de substâncias envolve sessões estruturadas, mediadas por um musicoterapeuta qualificado, com objetivos terapêuticos definidos. A música, nesse contexto, não é apenas um estímulo sensorial: ela promove a expressão emocional, fortalece vínculos sociais e ajuda o indivíduo a reconhecer e lidar com seus sentimentos de forma segura.

Além disso, estudos demonstram que atividades musicais ativam regiões cerebrais responsáveis pela memória, emoções e tomada de decisões, como o sistema límbico e o córtex pré-frontal fonte. Essas áreas também estão diretamente envolvidas nos mecanismos da dependência química.

Benefícios da musicoterapia na prevenção ao uso de substâncias:

1. Fortalecimento da autoestima e identidade

Muitos jovens que recorrem às drogas enfrentam crises de identidade, insegurança ou sentimentos de inadequação. Através da composição musical, improvisações ou escuta ativa, a musicoterapia proporciona espaço para que o indivíduo se reconheça e se valorize.

“A música me ajudou a dizer o que eu não conseguia explicar com palavras”, relatou um adolescente participante de um projeto terapêutico em São Paulo.

2. Promoção de vínculos afetivos e pertencimento

A prática em grupo favorece o senso de comunidade, diminui o isolamento social e estimula o respeito mútuo. Isso é essencial na prevenção, pois o sentimento de pertencimento é um fator protetivo contra o uso de substâncias.

3. Regulação emocional

A música ajuda na autorregulação emocional, aliviando sentimentos como ansiedade, tristeza ou raiva — emoções frequentemente ligadas à experimentação de drogas. Um estudo da Frontiers in Psychology (2020) apontou que a escuta musical ativa foi associada à redução de estresse e comportamento impulsivo fonte.

Estratégias práticas da musicoterapia na prevenção ao uso de substâncias:

1. Atividades de improvisação musical

Improvisar sons e ritmos é uma forma lúdica de expressar emoções reprimidas. Essa prática favorece o autoconhecimento e pode ser usada em oficinas com adolescentes em escolas, instituições ou comunidades terapêuticas.

2. Composição de letras com temas de enfrentamento

Incentivar os participantes a compor letras sobre superação, escolha de caminhos e relações familiares é uma técnica eficaz para refletir sobre decisões e valores.

3. Escuta guiada de músicas com debate

Selecionar músicas com mensagens positivas ou que abordem desafios da vida real, seguidas de um momento de escuta ativa e diálogo, estimula o pensamento crítico e o diálogo aberto.

4. Trilhas sonoras da vida

Essa técnica convida o jovem a criar uma playlist que represente momentos marcantes da sua vida. O musicoterapeuta conduz a reflexão sobre esses episódios e os sentimentos envolvidos, promovendo ressignificações.

Base científica e estudos relevantes sobre prevenção ao uso de substâncias:

Estudos reforçam a eficácia da musicoterapia como estratégia preventiva. Um exemplo é o projeto “Youth in Tune”, da Austrália, que aplicou sessões semanais com adolescentes em vulnerabilidade social. Os participantes relataram aumento no senso de autocontrole e redução no interesse por substâncias ilícitas fonte.

Outro estudo da Nordic Journal of Music Therapy analisou a atuação da musicoterapia em ambientes escolares, mostrando que adolescentes em risco apresentaram melhora no comportamento e na resolução de conflitos após oito semanas de intervenção musical fonte.

Populações que mais se beneficiam :

Embora qualquer pessoa possa se beneficiar, alguns grupos se destacam:

  • Adolescentes em escolas públicas com alto índice de evasão
  • Jovens em acolhimento institucional
  • Comunidades terapêuticas de reinserção social
  • Centros de assistência social em áreas vulneráveis

A abordagem preventiva com musicoterapia é mais eficaz quando integrada a ações multidisciplinares que envolvem psicologia, serviço social, educação e saúde.

Conclusão:

A musicoterapia como ferramenta de prevenção ao uso de substâncias oferece um caminho eficaz, acolhedor e criativo para lidar com os desafios emocionais e sociais enfrentados por muitos jovens. A música não só conecta, mas também transforma — e, quando utilizada com intencionalidade terapêutica, torna-se um agente de mudança real.

Investir nessa abordagem é apostar na saúde mental preventiva e na construção de uma geração mais consciente, resiliente e conectada com suas emoções.

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