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Crianças Atípicas Avanços na Terapia Musical

Avanços Recentes na Terapia Musical: Perspectivas para o Tratamento de Crianças Atípicas

A música, além de ser uma forma de expressão artística universal, tem se consolidado como uma poderosa ferramenta terapêutica. Em especial, a terapia musical tem mostrado resultados promissores no tratamento de crianças atípicas, como aquelas diagnosticadas com transtorno do espectro autista (TEA), paralisia cerebral, síndrome de Down, entre outras condições do neurodesenvolvimento. Nas últimas décadas, a prática foi respaldada por estudos científicos que têm explorado sua eficácia sob diferentes aspectos — desde a comunicação até o desenvolvimento motor e emocional.

Entendendo a Criança Atípica no Contexto Terapêutico

Antes de abordar os avanços, é essencial compreender o que caracteriza uma criança atípica. O termo refere-se àquelas que apresentam diferenças significativas em seu desenvolvimento neurológico ou físico, o que pode afetar habilidades sociais, cognitivas, emocionais e motoras. Frequentemente, essas crianças enfrentam desafios relacionados à interação social, expressão verbal, regulação emocional e independência funcional.

Nesse cenário, intervenções terapêuticas integradas são fundamentais. E é justamente nesse ponto que a terapia musical tem se destacado.

O Que Dizem os Estudos Recentes?

Estudos científicos têm evidenciado que a música ativa múltiplas áreas cerebrais simultaneamente, incluindo as responsáveis pela linguagem, motricidade, memória e emoção. Essa característica torna a música um instrumento eficaz para terapias multidimensionais.

Por exemplo, uma pesquisa publicada no Journal of Music Therapy (2018) mostrou que crianças com TEA que participaram de sessões semanais de musicoterapia durante 12 semanas apresentaram melhora significativa na comunicação não verbal e na atenção conjunta. Outro estudo, conduzido pela University of Montreal e publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences (2019), indicou que a exposição à música pode regular o sistema límbico — área do cérebro associada à emoção — e, assim, contribuir para melhor controle emocional em crianças com transtornos comportamentais.

Benefícios Observados com a Terapia Musical

A seguir, são apresentados os principais ganhos relatados nos estudos clínicos envolvendo terapia musical para crianças atípicas:

1. Estímulo à Comunicação Verbal e Não Verbal

Por meio do canto, uso de instrumentos e atividades de imitação rítmica, a comunicação pode ser estimulada mesmo em crianças não verbais. Canções com letras simples e repetitivas favorecem a associação entre palavras e objetos ou sentimentos.

Exemplo prático: Em uma atividade conduzida com pranchas de Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA), as crianças eram incentivadas a tocar sinos quando queriam repetir uma música. Com o tempo, o uso do sino foi substituído por gestos ou expressões, demonstrando avanços na intenção comunicativa.

2. Desenvolvimento da Coordenação Motora

O ato de bater palmas no ritmo da música, tocar tambores ou manusear instrumentos pequenos favorece tanto a motricidade fina quanto a grossa. Isso é especialmente útil para crianças com paralisia cerebral ou atraso motor.

3. Regulação Emocional

A música influencia diretamente o humor e a percepção emocional. Estímulos musicais suaves podem acalmar estados de ansiedade, enquanto ritmos mais animados contribuem para o aumento da energia e da motivação.

Base científica: Segundo um estudo publicado no Frontiers in Psychology (2020), o uso da música em contextos terapêuticos foi associado à diminuição de comportamentos de autoagressão e maior autorregulação emocional em crianças com autismo severo.

4. Melhoria da Atenção e do Foco

A estrutura repetitiva e previsível da música auxilia crianças com dificuldade de atenção a manterem-se concentradas por mais tempo. Além disso, a música pode ser usada como marcador temporal de atividades, ajudando na transição entre tarefas.

Avanços Tecnológicos na Área

Outro ponto que merece destaque são as inovações tecnológicas aplicadas à musicoterapia. Atualmente, aplicativos e softwares interativos vêm sendo desenvolvidos para integrar música, movimento e comunicação alternativa. Tais ferramentas são especialmente úteis para crianças que utilizam tablets ou computadores como meio de expressão.

Exemplo: O aplicativo “Sing&Speak” permite que crianças pratiquem sons da fala com apoio de melodias e feedback visual. Ele tem sido usado como complemento à terapia fonoaudiológica, com resultados positivos na aquisição de fonemas.

Desafios e Necessidade de Profissionais Qualificados

Apesar dos avanços, ainda existem barreiras a serem superadas. Um dos principais desafios é a formação de profissionais especializados em musicoterapia infantil com enfoque em neurodesenvolvimento. Além disso, muitos serviços públicos de saúde ainda não integram a terapia musical como abordagem complementar, o que limita o acesso a essa intervenção.

Para garantir que os benefícios sejam alcançados, a prática deve ser conduzida por musicoterapeutas certificados, com planos terapêuticos individualizados baseados em avaliações multidisciplinares.

Dicas Práticas para Pais e Cuidadores

Embora a terapia deva ser conduzida por profissionais, os pais e cuidadores podem contribuir com o desenvolvimento da criança atípica por meio de atividades musicais simples no dia a dia:

  1. Crie uma rotina musical – Inclua uma canção na hora de acordar, tomar banho ou guardar brinquedos.
  2. Use instrumentos domésticos – Panelas, colheres e garrafas com grãos podem ser transformados em instrumentos rítmicos.
  3. Repita músicas preferidas – A repetição ajuda na memorização e na familiarização com o vocabulário.
  4. Associe gestos à música – Ao cantar músicas com partes do corpo ou ações, incentive a criança a imitá-las.

Considerações Finais

A terapia musical, embasada em estudos recentes, tem se consolidado como uma abordagem eficaz e humanizada para o tratamento de crianças atípicas. Com sua capacidade de ativar funções cerebrais diversas, ela possibilita avanços na comunicação, cognição, sociabilidade e regulação emocional.

O que se observa é que, ao ser integrada de forma planejada ao tratamento multidisciplinar, a música não apenas complementa as terapias tradicionais, como também promove um ambiente terapêutico mais acolhedor e motivador.

Diante disso, o investimento em pesquisas, formação de profissionais e disseminação dessa abordagem pode representar um avanço significativo na promoção da saúde e do desenvolvimento infantil.


Referências Científicas:

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